Jornal de Piracicaba de 1° de agosto de 2013. Matéria "Tradição alvinegra" publicada na página 36. "Existem duas versões com traços diferentes do Nhô Quim: uma feita por Nino Borges, outra por Edson Rontani". Está nas quatro últimas linhas da coluna do meio.
Pena que as geração atual se atenha à informações errôneas como esta. Isso traz uma saudade do historiador Rocha Netto que, em casos como este, era ouvido quando vivo. Rocha faleceu há exatos dez anos, em agosto de 2013. Em algumas das visitas que fiz à sua casa, o historiador sempre deixava claro que Nhô Quim sempre foi um só.
Mas, fazer o que ? Se você pegar o Jornal de Piracicaba das décadas de 1980, 1990 e 2000 notará que o próprio veículo de comunicação é contraditório. Matérias falam - conforme a ótica do repórter de então - histórias classificadas uma única vez por Rocha Netto em seu almanaque A HISTÓRIA DO XV. A partir de então, esta declaração, por ser pouco detalhada, gera repercussões incertas e causa erros históricos.
O Nhô Quim de Edson Rontani e Nino Borges sempre foram o mesmo personagem. Claro que o desenho de artistas diferentes traz uma característica ímpar. Cabe ressaltar que a história esquece-se de outros desenhistas que personificaram o Nhô Quim, até mesmo por falta de tempo, curiosidade dos jornalistas e inacessibilidade a documentos de época. O XV era retratado antes de ir para a Primeira Divisão, em 1948, como um sujeito de terno preto e cartola. Esse desenho, inclusive, consta no livro de Rocha Netto. Após sagrar-se campeão da Lei do Acesso de 1949 e do Torneio Início de 1949, o XV passou a ser destaque na Gazeta Esportiva com desenhos de Nino Borges e Messias de Mello. Também foi citado na coluna "Off-Side" do semanário O Governador, de São Paulo, na pena de Manolo e Almir Bortolassi. Em Piracicaba, Edson Rontani sempre desenhou o Nhô Quim, através do Jornal de Piracicaba e de O Diário de Piracicaba, já na década de 1950.
O próprio Jornal de Piracicaba como berço de divulgação da mascote do E. C. XV de Novembro ajuda a cair nesta incorreção histórica, confundindo cada vez mais a cabeça das gerações posteriores. Cabe lembrar que todos os "Nhô Quins" criados por estes autores eram semelhantes : um caipira, com chapéu, magro e à frente de situações cartunescas diantes de novos parceiros, como o papagaio do Palmeiras, o peixe do Santos e o mosqueteiro do Corinthians. Archimedes Dutra também desenhou o Nhô Quim. Pelo que sei, uma única vez. Era um caipiria igual ao de Borges e ao de Rontani, segurando um imenso charuto.
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